Instituto Frei Hugolino: preservação da memória, articulação comunitária e projetos de restauração ganham força em reunião ampliada

Na reunião mais recente sobre o Instituto Frei Hugolino, entidade dedicada à preservação histórica, cultural e espiritual de Santo Amaro da Imperatriz, diversas lideranças e representantes públicos debateram caminhos para viabilizar reformas urgentes no imóvel, garantir segurança nos espaços e fortalecer o legado do frade que dá nome ao local.

Mais do que um prédio antigo, o Instituto representa uma memória viva que pulsa entre devotos, educadores, gestores culturais e autoridades que reconhecem o valor simbólico do espaço. Entre reflexões, propostas técnicas e até manifestações de fé, a pauta ganha corpo.

Estrutura física e desafios emergenciais

O prédio do Instituto apresenta sinais críticos de desgaste: o telhado, com estrutura de madeira, demanda reposição de caibros e ripas; instalações elétricas e hidráulicas são consideradas frágeis e até arriscadas. A urgência de um laudo técnico pericial se impõe como primeiro passo para qualquer restauração segura.

Surpreendentemente, parte do madeiramento interno e das vigas originais está em bom estado. A construção, feita com areia de praia e óleo de baleia, exige cuidados específicos, qualquer pintura ou intervenção sem preparo pode resultar em prejuízo.

Articulação institucional e recursos

A reunião revelou mobilizações entre diferentes órgãos: Instituto do Meio Ambiente (IMA), Polícia Ambiental, madeireiras e engenheiros locais. Um dos projetos prevê o uso de madeira apreendida para substituir estruturas danificadas — ação que reduziria os custos de uma obra que pode ultrapassar R$ 1,6 milhão.

A Fundação Catarinense de Cultura surgiu como possibilidade para captação de recursos voltados à parte elétrica, hidráulica, pintura e restauro completo do imóvel. O plano é preparar um projeto técnico detalhado, com orçamento claro, para solicitar apoio via Secretaria de Turismo ou emendas parlamentares.

Transparência e propósito institucional

O Instituto Frei Hugolino já é reconhecido como entidade de utilidade pública municipal e declara que todos os recursos recebidos serão dedicados à preservação da memória do Frei. Os representantes solicitaram autorização para divulgar um PIX institucional e comercializar produtos temáticos (“Hugolino Bach”) durante eventos.

A gestão é reconhecida pela comunidade com prestações de contas regulares e administração conduzida por pessoas de confiança, como Maicon, que centraliza as operações financeiras com apoio popular.

Capela, fé e reconexão com a Igreja

Um capítulo à parte envolve o uso da Capela ligada ao Instituto. Em 2019, a paróquia local não foi comunicada sobre a transferência do imóvel à Prefeitura. Como consequência, o Santíssimo foi retirado do altar,  rompendo simbolicamente o vínculo eclesiástico.

Na reunião, líderes reafirmaram que não há objeções à realização de missas ou eventos religiosos no local. Há expectativa de nova conversa com a Igreja e a Prefeitura para viabilizar o reposicionamento do Santíssimo, como gesto de reconciliação com os fiéis.

“Eles querem ir lá visitar o Frei Hugolino. Querem que Jesus Cristo esteja presente lá dentro”, declarou um dos participantes emocionado.

Gestão de espaços e auditório comunitário

Há também propostas para revitalizar o auditório do Instituto, com equipamentos culturais adquiridos via incentivo à cultura, como uma TV de 70 polegadas já instalada. A Secretaria pretende instalar grades adicionais para segurança e planeja ampliar o uso do espaço com monitoramento e novo mobiliário.

Diversas salas internas estão sendo realocadas ou liberadas após desocupação, seja pela Secretaria de Saúde, pela Academia de Letras ou pela Rede Feminina, que já atua no local promovendo atendimentos e projetos terapêuticos como yoga e fisioterapia.

Um espaço de cura, cultura e fé

Mais do que paredes e telhas, o Instituto é descrito como “um lugar com espírito bom”, ideal para acolhimento, reflexão e cura. A trilha que leva ao local foi restaurada, e as lideranças esperam ampliar o impacto comunitário e turístico com respeito à memória e às raízes da cidade.

No horizonte também está o restauro da sapucaia, árvore histórica plantada pelo próprio Frei Hugolino meses antes de sua morte. Encontrada deteriorada, ela simboliza o ciclo da vida e a permanência das marcas deixadas pelo frade no coração do município.

Ponto de partida

Como resumiu um dos participantes:

“O primeiro passo é a sessão de uso. Depois, reunir Igreja, Prefeitura e Instituto. Com diálogo, respeito e fé, é possível reconstruir muito mais do que um prédio — é a memória viva de Frei Hugolino.”

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