Por Paulo Leandro Rodrigues
Preservar o mangue é preservar a vida
Por mais óbvio que possa parecer — “preservar o mangue é preservar a vida” — ainda assim é necessário repetir, reforçar, cutucar, esbravejar, ensinar, limpar, lutar, regenerar, educar, e tudo mais que agregue e conscientize. É uma missão constante para manter vivo esse ecossistema fundamental, presente na Grande Florianópolis, seja na Ilha de Santa Catarina ou aqui em Palhoça.

O meio ambiente clama por socorro, e os únicos que podem ajudá-lo somos nós, os mesmos que tantas vezes o maltratam. A ideia ampla de meio ambiente, embora verdadeira, pode enganar: muitos acreditam que cuidar da casa e da rua já cumpre sua parte. Mas isso não basta. Lá, na foz do rio, onde ele encontra o mar, está o mangue, fora do nosso campo de visão, mas nunca fora da nossa responsabilidade. É preciso entender a urgência contida naquele refrão: preservar o mangue é preservar a vida.
Invertamos a perspectiva. Os moradores do bairro Barra do Aririú, por exemplo, ou qualquer outro da cidade, já que Palhoça foi praticamente erguida sobre áreas de manguezal, mantêm o hábito diário de cuidar da casa e da rua. Mas também cuidam do mangue, que pode oferecer sustento, alimento, lazer e identidade. Será que essas pessoas mantêm atitudes sustentáveis quando saem de sua localidade? A tendência é que sim. Famílias que vivem mais próximas da natureza, como no campo, costumam ter uma relação mais respeitosa com o meio ambiente do que nós, urbanos.
Não se trata aqui de dividir méritos ou apontar culpados. A intenção é criar um movimento coletivo, com compreensão unificada e ações responsáveis frente ao meio ambiente; pensando na sustentabilidade e no bem-estar das próximas gerações. O mangue, apesar de tão presente, pouco representa na identidade da cidade. Nem o caranguejo, outrora símbolo local, parece ser valorizado. Talvez exista um motivo — não sei qual — mas ele precisa ser debatido.
Proteção costeira, biodiversidade, geração de renda, combate às mudanças climáticas, cultura e história. Todos esses aspectos vivem no manguezal. Reconhecer sua importância para a comunidade local, para a cidade e para toda a região é um passo fundamental na construção de uma consciência ecológica. Por isso, reafirmo com ainda mais convicção: preservar o mangue é preservar a vida.
Paulo Leandro Rodrigues
