Com informações de Ângela Bastos e Lucas Amorelli – NSC Notícias
A pintura e a música são as essências da vida de Sebastião da Cruz, multiartista de Santo Amaro da Imperatriz, município. Inspirado em gravuras e fotografias antigas Sebastião conta a história da cidade desde os primórdios, ainda antes de 1845, quando da visita do imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina.
Seja em telas ou muros de casas. escolas e prédios públicos, o também escritor e poeta retrata os tempos do Arraial de Sant’Ana do Cubatão passando por Santo Amaro do
Cubatão, Cambirela e, por fim, Santo Amaro da Imperatriz “Sigo a inspiração a partir do que vejo diante dos olhos. Sou um pintor autodidata que começou a gostar de desenho ainda menino e a comprar material com o dinheiro de engraxate, aos 12 anos,” recorda seu Sebastião.
Neto do escravizado Adão Simão da Cruz, filho do caminhoneiro Pedro e da mãe Alaíde, Sebastião tinha 16 anos quando ingressou na Escola de Aprendizes da Marinha, em
Florianópolis. O artista plástico cresceu numa família com 11 irmãos Terminaria a carreira como Suboficial Mestre de Banda, no Rio de Janeiro, o que lhe rendeu medalhas e diplomas ⁸expostas na galeria das obras que tem em casa. Entre as 54 telas, uma que é
quase um autorretrato: a banda dos fuzileiros navais tendo Sebastião como maestro.
Paredes e cavaletes permitem uma viagem no tempo. As obras marcam um período que se inicia a partir de 1855.
Sua casa já é um acervo a céu aberto, onde se respira as belezas da arte: os muros da Servidão Pedro Simão da Cruz batizada em homenagem ao pai, e onde vivem os descendentes, são todos coloridos As pinturas retratam a vida em família tradições culturais e religiosas, como a Festa do Divino, e fatos históricos.
Seu Sebastião tem o seu ateliê. Porém, prefere exercer sua arte em espaços mais livres, como o quintal ou mesmo sobre a laje de casa.“Gosto de ficar em contato com a natureza. Eu me reporto para aquela época que estou retratando, ouço os passarinhos, sinto o vento e me aqueço na luz do sol. Tudo isso me inspira muito”.
Sebastião conta que não vende as telas originais que pinta, mas aceita encomendas a partir delas, como se fossem cópias. Acolheu a proposta de uma comerciante local e as pinturas
podem ser encontradas em formato de azulejo. Uma volta com ele pela cidade e encontramos muitas pinturas, com muitos elogios feitos pelos moradores e visitantes.
“Eu sempre digo a mesma coisa, seja para tela, para livro, para poesia: sigam
O estilo próprio, é ali que está a essência de cada pessoa, de cada artista.”