CHINA APRESENTA PROPOSTA DE PAZ PARA ACABAR COM GUERRA NA UCRÂNIA

Nesta sexta-feira (24), a China apelou pelo cessar-fogo imediato entre a Ucrânia e a Rússia e defendeu que o diálogo é a única forma de alcançar uma solução viável para o fim do conflito. Além disso, o governo chinês, conforme havia prometido esta semana, apresentou uma proposta para as negociações de paz com 12 tópicos, em um plano divulgado pelo seu Ministério das Relações Exteriores. Nele recorre também pelo fim das sanções ocidentais impostas à Rússia, além de medidas para garantir a segurança das instalações nucleares, o estabelecimento de corredores humanitários para a evacuação de civis e ações para garantir a exportação de grãos, após interrupções no fornecimento terem provocado o aumento global dos preços.

Pequim destacou no primeiro ponto da proposta a importância de respeitar a soberania de todos os países, numa referência à Ucrânia. “O Direito internacional, universalmente reconhecido, incluindo os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, deve ser rigorosamente observado. A soberania, independência e integridade territorial de todos os países devem ser efetivamente preservadas”, relata o documento divulgado pela diplomacia chinesa.

Além do mais, a China apelou ao fim da mentalidade da Guerra Fria e salientou que a segurança de uma região não deve ser alcançada através do fortalecimento ou expansão de blocos militares. “Os legítimos interesses e preocupações de segurança de todos os países devem ser levados a sério e tratados adequadamente. Todas as partes devem contribuir para forjar uma arquitetura de segurança europeia equilibrada, eficaz e sustentável. Estamos dispostos a desempenhar um papel construtivo”, diz a proposta.

No entanto, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que aconteceu ontem, a China se absteve na resolução não vinculativa de pedir que a Rússia encerre as hostilidades na Ucrânia e retire as suas forças militares. A China é um dos 16 países que votaram contra ou abstiveram-se em quase todas as cinco resoluções anteriores sobre a guerra na Ucrânia.

Mas, antes mesmo de a proposta chinesa ser lançada hoje, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou-a um primeiro passo relevante. “Acho que, em geral, o fato de a China ter começado a falar em paz na Ucrânia não é mau. É importante para nós que todos os Estados estejam do nosso lado, do lado da justiça”, declarou Zelensky.

Zelensky diz que quer se encontrar com Lula na Ucrânia

O líder ucraniano afirmou ainda que gostaria que países da América Latina e da África, assim como China e Índia, se juntassem a uma fórmula de paz proposta por Kiev para acabar com a guerra.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse nesta sexta-feira (24), dia em que a invasão russa a seu país completa um ano, que convidou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para visitar seu país e se reunirem pessoalmente.

“Eu lhe mandei convites para vir à Ucrânia. Realmente espero me encontrar com ele. Gostaria que ele me ajudasse e apoiasse com uma plataforma de conversação com a América Latina”, disse Zelensky numa entrevista coletiva em Kiev, em resposta a uma pergunta do correspondente do SBT, Sérgio Utsch.

Estou realmente interessado nisso. Estou esperando pelo nosso encontro. Face a face vou me fazer entender melhor”, afirmou.

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que é “urgente” que um grupo de países não envolvidos na guerra assuma o papel de encaminhar negociações para o restabelecimento da paz no leste europeu.

“No momento em que a humanidade, com tantos desafios, precisa de paz, completa-se um ano da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. É urgente que um grupo de países, não envolvidos no conflito, assuma a responsabilidade de encaminhar uma negociação para restabelecer a paz”, afirmou Lula.

Nos últimos dias, o governo brasileiro tem defendido que um grupo de nações entre no cenário para fazer negociações entre os dois países do conflito.

Zelensky disse que gostaria que países da América Latina e da África, assim como China e Índia, se juntassem a uma fórmula de paz proposta por Kiev para acabar com a guerra.

“Você sabe como é difícil para mim deixar o país, mas eu viajaria especialmente para esta reunião”, disse ele sobre a perspectiva de uma cúpula com os países latino-americanos. “Eu poderia me comunicar com eles, com sua mídia, com suas sociedades.”

Lula já afirmou que o Brasil é um país de paz e não quer tomar lado na guerra do leste europeu. Para ele, a invasão da Ucrânia pela Rússia foi um “erro crasso”, mas “quando um não quer, dois não brigam”.

Ele também disse que não tem interesse em enviar armamento que possa ser utilizado na guerra. “O Brasil não quer ter qualquer participação, mesmo que indireta”, afirmou o petista no mês passado.

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