COMO CONQUISTAR A SAÚDE NO SÉCULO XXI?

Chegamos ao tão esperado século XXI. Não estamos andando em carros voadores ainda, mas vemos o surgimento acelerado de tecnologias impensáveis até pouco tempo. Temos casas confortáveis, falamos com pessoas distantes por telas e temos a possibilidade de viajar rapidamente a qualquer lugar do mundo, por mais distante que seja. A inteligência artificial é o assunto do momento e nos perguntamos até que ponto ela nos substituirá nas diversas funções cotidianas. Mas e a nossa saúde? Teve o mesmo avanço?

A expectativa de vida aumentou nas últimas décadas. Temos novos medicamentos, cirurgias robóticas e muito a comemorar. Entretanto, se analisarmos com cuidado, esse aumento se deve principalmente à diminuição da mortalidade infantil. Antigamente, eram comuns mortes no parto e na primeira infância. Com isso, a média total ficava bem mais baixa. Com as melhorias na atenção às gestantes e às crianças pequenas, além de diferentes circunstâncias que minimizaram os riscos de infecções como o desenvolvimento de antibióticos, saneamento básico como água tratada, geladeiras para manter os alimentos além da difusão de melhores hábitos de higiene, a mortalidade infantil reduziu significativamente. Sendo assim, a expectativa de vida ao nascer aumentou bastante saindo de 45,5 anos em 1940 a 76 anos em 2017 no Brasil.

Mas considerando-se pessoas adultas, esse crescimento não foi tão pronunciado. Além disso, houve aumento no número de anos vividos com doenças. É raro encontrarmos alguém com mais de 60 anos que não faça uso de polifarmácia, ou seja, uso concomitante de 4 ou mais medicamentos. Chega-se ao ponto da necessidade de uso de um medicamento para neutralizar os efeitos adversos de outro. Doenças crônicas como diabetes mellitus e hipertensão arterial são tão comuns em nossa sociedade que estão se tornando banais aos olhos das pessoas. Problemas cardiovasculares são a principal causas de morte no mundo hoje. O que pode ter levado ao adoecimento generalizado? 

Quando se consideram todas as variáveis possíveis que têm levado ao adoecimento por doenças crônicas, o estilo de vida surge como elemento central. Nossa vida hoje é muito diferente de nossos antepassados. O homem do paleolítico não comia alimentos processados, era nômade, precisava caçar ou coletar alimento na natureza e vivia exposto ao sol. Hoje, nos parecemos mais a cobaias de laboratório: luz artificial, alimento ultraprocessado, pouca atividade física. Sem falar no estresse que, em muitos casos, ultrapassa a capacidade de adaptação orgânica transformando-se no que se conhece por distresse e é bastante nocivo.

Como contornar essa situação? Voltando a viver em tribos de caçadores/coletores? Não é necessário regredir a tanto. Podemos desfrutar da tecnologia e seu conforto, mas, em pontos-chave, é necessário fazer como nossos avós e comer comida caseira, comida de verdade. Evitar o máximo possível alimentos prontos, embalados. Preferir escadas aos elevadores, ir a pé aos lugares e aproveitar o percurso para curtir um solzinho que vai fazer muito bem até para nossa saúde mental. Incluir o exercício físico no dia a dia como prioridade. Voltar à conexão com a natureza convivendo com pets, pisando na grama em parques, plantando uma árvore na calçada para poder ouvir o som do vento em suas folhas e os passarinhos que se aninham lá. Ter, nem que seja, um vaso com uma planta no apartamento para ver o verde. Trocar as telas por conversas e livros à noite sob a luz indireta de um abajur. 

A cada passo que damos em direção a uma vida mais próxima de nossas origens, vemos a melhora significativa em nossa saúde, disposição e bem-estar. Vale a pena. Esse novo estilo de vida tem apenas um porém: é um caminho sem volta! Cada conquista, mesmo que lenta, cria raízes e se torna um hábito. E, no futuro, certamente fará diferença na contabilidade dos nossos anos vividos com saúde. 

Etiane Micheli Meyer Callai, Mestre em Fisiologia e Doutora em Odontologia. cirurgiã-dentista, CRO/RS: 13.526. Contato com a autora eticallai@gmail.com / instagram @dra_etianecallai

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