Por: Mayara Leite – Redatora Seo On
Saúde – Um estudo realizado pelo Hospital Universitário de Brasília revelou que adultos jovens apresentam uma proporção maior de câncer colorretal agressivo em comparação aos pacientes mais velhos. O trabalho foi apresentado no 73º Congresso Brasileiro de Coloproctologia, realizado em São Paulo entre os dias 3 e 6 de setembro.
Segundo a pesquisa, pacientes com menos de 50 anos apresentaram maior taxa de tumores indiferenciados, caracterizados pelo potencial agressivo elevado. Além disso, esse grupo demonstrou risco maior de recidiva da doença quando comparado a adultos acima de 50 anos.
Perfil da pesquisa e metodologia
A análise envolveu 434 pacientes diagnosticados com câncer colorretal, sendo 55,76% mulheres. Desses, 78 tinham entre 18 e 49 anos e 356 estavam acima dos 50 anos. O estudo coletou dados entre 2010 e 2020, com um acompanhamento médio de aproximadamente 36 meses. O objetivo foi avaliar características epidemiológicas, clínicas e anatomopatológicas, bem como desfechos oncológicos, incluindo sobrevida global e sobrevida livre de doença, na população mais jovem.
De acordo com André Araújo de Medeiros Silva, coordenador do serviço de coloproctologia do Hospital Santa Lúcia Norte e um dos especialistas que conduziram o estudo, “nosso estudo ajuda a trazer maior atenção a sinais e sintomas nessa população, que naturalmente são pouco específicos, e eventualmente pode auxiliar em decisões terapêuticas em determinadas situações”.
Crescimento de casos de câncer colorretal em jovens
Estudos anteriores já indicavam aumento de casos entre adultos jovens. Uma pesquisa publicada em dezembro de 2024 na The Lancet Oncology mostrou que a incidência de câncer colorretal entre pacientes de 25 a 49 anos aumentou em 27 dos 50 países analisados. Outro estudo apresentado na Digestive Disease Week 2024 apontou crescimento de 333% entre adolescentes de 15 a 19 anos entre 1999 e 2020.
No estudo brasileiro, os cânceres colorretais em jovens corresponderam a aproximadamente 17% dos casos, acima da média global de 10%. Silva ressalta que essa maior agressividade pode estar associada ao comportamento biológico do tumor nessa faixa etária, incluindo mutações de maior gravidade e síndromes hereditárias.
Limites do estudo e necessidade de mais pesquisas
Apesar dos achados, Silva alerta que o trabalho foi realizado em um centro de referência, o que pode não refletir todas as características da população em geral. Ele destaca que mais pesquisas são necessárias para confirmar os resultados e entender melhor os fatores que tornam o câncer colorretal mais agressivo em pacientes jovens.
Fonte: Portal CNN
