Por: Mayara Leite – Redatora Seo On
Educação – A chegada do ChatGPT e de outras ferramentas de Inteligência Artificial (IA) abriu um debate urgente sobre o futuro da educação. Lançado em novembro de 2022, o modelo da OpenAI rapidamente alcançou 100 milhões de usuários e já está sendo usado em diferentes contextos de ensino. Mas afinal: a IA é aliada ou ameaça às escolas?
O que é o ChatGPT e como funciona
O ChatGPT é um sistema de linguagem treinado para responder a perguntas, gerar textos, resolver cálculos e até escrever códigos de programação. Sua base é composta por um gigantesco conjunto de informações coletadas da internet, o que permite prever palavras e construir respostas coerentes.
Segundo o professor Mário de Noronha Neto, do IFSC, a tecnologia é resultado de modelos do tipo Transformers, capazes de identificar a relação entre palavras e formular frases com grande proximidade ao estilo humano. Essa característica fez do ChatGPT uma revolução na forma de interação com a IA.
Por que a ferramenta gera tanto impacto
O interesse mundial não se deve apenas à sua usabilidade simples, mas também à qualidade das respostas geradas. Apesar de cometer erros e não substituir a pesquisa em fontes confiáveis, a ferramenta consegue simular diálogos de maneira impressionante.
Empresas como Google e Microsoft correram para lançar suas próprias soluções: o Bard e a integração do ChatGPT ao Bing e ao Teams. A comparação feita por jornalistas do New York Times é que o surgimento dessa tecnologia pode ser tão disruptivo quanto a popularização da internet.
A presença da IA na sala de aula
Se por um lado a IA ajuda professores a economizarem tempo e oferece acessibilidade a alunos com necessidades especiais, por outro levanta preocupações com plágio, autoria e substituição de docentes em determinadas funções.
A professora Michele Alda Rosso Guizzo, do Câmpus Criciúma, alerta que “o ChatGPT põe em xeque a produção de conhecimento e a observação da evolução da aprendizagem, pontos centrais de uma boa aula”. Já o pedagogo Fabrício Spricigo lembra que até provas já são corrigidas com robôs em algumas instituições, o que pode comprometer a qualidade do ensino.
Aliado ou inimigo da educação?
Para especialistas, proibir o uso da ferramenta não é a solução. O professor Adriano Larentes, pró-reitor de Ensino do IFSC, defende uma postura crítica e equilibrada, sem cair em visões excessivamente otimistas ou catastróficas.
Nesse sentido, a recomendação é que os educadores usem o ChatGPT como apoio pedagógico, estimulando a autonomia dos alunos e incentivando o pensamento crítico. A qualidade das perguntas feitas ao sistema pode ser tão ou mais importante que as respostas obtidas.
O futuro da escola diante da Inteligência Artificial
Mais do que uma mudança tecnológica, o desafio é social. O pedagogo Spricigo aponta que o mercado de trabalho está exigindo habilidades socioemocionais, como colaboração, empatia e resiliência. A escola, portanto, deve ampliar seu papel: em vez de apenas transmitir conteúdo, precisa formar cidadãos capazes de transformar informação em conhecimento e lidar com um mundo em constante transformação.
ChatGPT como complemento, não substituto
O próprio ChatGPT “reconhece” os riscos de dependência dos estudantes, mas destaca que pode ser usado como ferramenta complementar. Cabe a professores e famílias orientar o uso ético, evitando o plágio e promovendo a integridade acadêmica.
Ao final, especialistas concordam: a IA não deve ser vista como ameaça inevitável nem como solução milagrosa, mas como recurso que precisa ser incorporado com responsabilidade. O verdadeiro impacto do ChatGPT na educação dependerá menos da tecnologia em si e mais de como a sociedade, os professores e os alunos vão utilizá-la.
Fonte: Instituto Federal de Santa Catarina