Editorial 333
A cada verão, um dado alarmante e vergonhoso volta a frequentar nosso litoral: os índices de poluição que tornam impróprias para banho as praias catarinenses.
O que deveria melhorar, piora. Nem se mantém — só aumenta.
Basta um exercício de memória: nos últimos três ou cinco anos, o que era pontual na Ilha virou rotina. Praias impróprias e viroses se tornaram comuns no verão catarinense.

Locais como Balneário Camboriú e as praias de “mar de dentro”, pela cor da água, textura da areia e prática da maricultura, já causavam impressão de impróprias — mesmo sem confirmação oficial. Hoje, até nas praias do leste da Ilha, de mar aberto, encontramos placas de “imprópria para banho.”
Em Palhoça, Governador Celso Ramos e nas praias do oeste da Ilha, havia trechos próprios para banho, com mar calmo — ideal para crianças, idosos e famílias. Também eram ótimos para esportes aquáticos como stand up, canoagem, vela e navegação.
Hoje, a beira da praia lembra os parques urbanos: espaço para se exercitar, relaxar, tomar sol, conversar, tomar chimarrão e ver o pôr do sol. Ainda é uma ótima opção — e justifica a saída.
Mas… e o banho de mar? Molhar os pés? Nadar?
Pode não importar para todos, mas é o que identifica quem vive perto do litoral.
Não podemos aceitar passivamente nossas próprias atitudes — péssimas atitudes, aliás. O que acontece no mar, nos rios, nas matas e no meio ambiente é reflexo direto de nós mesmos. Reclamar do que se vê é como reclamar diante de um espelho. A culpa não é sempre do outro? Pois então, diante do espelho, faz sentido.
O Brasil está entre os maiores poluidores do mundo. Isso afeta o meio ambiente, a biodiversidade, nossa saúde, economia e até nossa identidade — e como somos vistos lá fora.
Se gostamos de dizer que “o Brasil é dos brasileiros” e que “Santa Catarina é o melhor estado”, então bora fazer nossa parte.
O Tratado Global Contra a Poluição Plástica é um passo importante rumo à proteção do meio ambiente — e um sinal de respeito à vida que queremos viver.
Paulo Leandro Rodrigues
