Segundo pesquisadores, os efeitos do El Niño serão sentidos mesmo após o fenômeno perder força, com a expectativa de calor recorde ao redor do globo.
Um estudo publicado na revista Scientific Reports alertou para a possibilidade das temperaturas globais seguirem muito acima do normal nos próximos meses, mesmo com o enfraquecimento do fenômeno El Niño neste semestre. Entre as áreas que podem ser mais afetadas pelo calor, está a Amazônia, que experimenta os efeitos de uma seca histórica que derrubou os níveis de rios importantes, como o rio Negro, e facilitou a ocorrência de queimadas.
O atual El Niño já vem causando impactos significativos no clima global. O fenômeno potencializou a alta recente das temperaturas globais, motivada pela mudança do clima, o que resultou em recordes históricos de calor em 2023. Espera-se que o El Niño perca força nos próximos meses, mas é sabido que os efeitos dele sobre o clima global persistem por algum tempo após a sua neutralização.
Segundo a análise, além da Amazônia, as zonas costeiras da Índia, o Golfo de Bengala, o Mar da China meridional, além das Filipinas e as Antilhas Caribenhas estão entre as áreas que podem sofrer com calor sem precedentes até meados deste ano.
“Ondas de calor intensas e ciclones tropicais, combinados com o aumento global do nível do mar, [significam] que as áreas costeiras densamente povoadas enfrentam uma crise climática enorme e urgente que desafia a nossa capacidade atual de adaptação, mitigação e gestão de riscos”, disse Ning Jiang, da Academia Chinesa de Ciências Meteorológicas em Pequim e coautor do estudo, citado pelo Guardian. ABC News e The Verge também repercutiram a análise.
Enquanto isso, a Reuters destacou dados preliminares sobre a temperatura global em fevereiro. De acordo com cientistas consultados pela reportagem, existe uma boa possibilidade de que ele feche como o fevereiro mais quente já registrado em todo o mundo. No Hemisfério Norte, o inverno mais fraco deu espaço para a chegada prematura da primavera em várias partes da América do Norte.
Um reflexo disso acontece no meio-oeste dos EUA. A cobertura de gelo na região dos Grandes Lagos, que fica historicamente na faixa dos 40% em fevereiro, foi de cerca de 4% no último mês. O Guardian fez um panorama dos efeitos do inverno mais quente na América do Norte e a preocupação de muitas pessoas com o calor que pode vir nos próximos meses.
Fonte: Climainfo