Por: Mayara Leite – Redatora Seo On
Meio Ambiente – A ararinha-azul, uma das aves mais raras do mundo e símbolo da luta contra o tráfico de animais silvestres no Brasil, voltou a voar livre na Caatinga após mais de duas décadas considerada extinta na natureza. O renascimento da espécie ocorre em Curaçá, no sertão da Bahia, onde, desde 2022, exemplares vêm sendo reintroduzidos em um programa de conservação inédito no país.
O desaparecimento da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) foi resultado direto da destruição do habitat e da captura ilegal para colecionadores. Para reverter esse cenário, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a ONG alemã ACTP lideraram uma operação internacional que resgatou mais de cem aves espalhadas pelo mundo.
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O processo de readaptação
Entre 2020 e 2022, 52 aves retornaram ao Brasil para passar por um rigoroso treinamento em cativeiro no Vale de Curaçá. Nesse período, foram acompanhadas por biólogos e especialistas, que ensinaram os animais a se alimentar sozinhos, identificar predadores e se adaptar às condições do semiárido.
A convivência com maracanãs, espécie semelhante da região, ajudou na aprendizagem comportamental. Para monitorar os primeiros voos, as ararinhas foram equipadas com radiotransmissores, garantindo maior segurança no processo de soltura.
Desafios para o futuro
Apesar do sucesso inicial, a preservação da ararinha-azul ainda depende de esforços contínuos. O combate ao tráfico e à degradação da Caatinga permanece como prioridade, além da ampliação das áreas de proteção.
A participação das comunidades locais tem sido decisiva. Em Curaçá, moradores doaram terras para a criação de refúgios naturais, fortalecendo o vínculo entre conservação e desenvolvimento sustentável. Duas unidades de conservação já foram estabelecidas na região, ampliando as chances de sobrevivência da espécie em seu habitat original.
O retorno da ararinha-azul aos céus nordestinos não é apenas uma vitória para a ciência e a biodiversidade, mas também um símbolo de esperança para outras espécies ameaçadas no Brasil.
Fonte: Portal Mix