Não há muitas dúvidas que o cenário está dos mais complexos e desafiadores para os setores de comércio e varejo.
É uma combinação nada virtuosa de questões internacionais, envolvendo inflação, conflitos políticos e mais os recentes problemas no sistema financeiro com bancos na Europa e nos Estados Unidos combinados com desafios internos no Brasil que impactam também esses setores.
Começa pela questão ideológica retratada num ministério ampliado com 37 posições e nenhum representante do setor empresarial ou privado.
Segue com cerca de cem dias de um novo governo marcado por muitos planos e propostas num cenário tão ou mais dividido do que no período eleitoral pelas diferenças internas dentro do governo.
O risco da necessária reforma tributária neste momento e antes de uma reforma administrativa é real e imediato e converge para aumento da carga de impostos em particular para o setor de serviços.
Para complicar ainda mais, os problemas específicos de algumas redes de varejo disseminam a percepção equivocada de problemas sistêmicos, abalando o setor como um todo, aprofundando as dificuldades em especial nos temas ligados a crédito para pessoas físicas e jurídicas.
Não se pode esquecer que os setores de comércio e varejo, com 8,6 milhões de empregados, representam 20% do emprego formal no Brasil – índice que passa de 30% se forem somados os informais -, sendo o maior empregador privado do país.
Sua representatividade atual no PIB é de 27,4% % e vem crescendo há mais de vinte anos, alinhado com as tendências globais, com o aumento da participação do setor de serviços na economia dos países mais desenvolvidos.
São setores que foram forjados e desenvolvidos no Brasil durante sucessivas crises locais e globais e que vêm investindo de forma consistente, incorporando tecnologia, o digital e os mais modernos conceitos praticados no mundo, incluindo sua reconfiguração como Ecossistemas de Negócios.
E que ampliam sua atuação com novas funções, como no caso das marcas próprias.
Que amadurecem ao também incorporar mais serviços e soluções como no foodservice para atenderem ao empoderado omniconsumidor-cidadão emergente.
Ao mesmo tempo que se torna ainda mais competitivo pela presença mais forte e direta da indústria fornecedora e de marcas, muitas por meio dos marketplaces do próprio varejo tradicional e digital.
A adversidade que caracteriza o sistema tributário do País e a complexidade logística e a volatilidade da economia e da política brasileira ajudaram a forjar a competitividade dos setores do comércio e do varejo.
E esses setores deveriam dar exemplo neste momento, integrando e reunindo as diversas cadeias de valor, os diferentes segmentos, canais, formatos e negócios, por meio de suas entidades nacionais e regionais, para se unir num projeto Brasil com uma pauta mínima única em defesa do setor empresarial, do País e dos brasileiros de forma mais justa, ampla e democrática.
Que seja essa a proposta objetiva do 11º Fórum Lide do Varejo em 2023.
E que essa proposta se transforme em realidade pela visão, determinação e grandeza dos líderes desses setores, é o necessário e fundamental complemento.