Por: Mayara Leite – Redatora Seo On
Educação – Um novo levantamento do Cetic.br, divulgado nesta terça-feira (16), revelou que sete em cada dez estudantes do ensino médio no Brasil já utilizam ferramentas de inteligência artificial generativa, como ChatGPT e Gemini, para realizar pesquisas escolares. Apesar do crescimento expressivo desse hábito, apenas 32% dos alunos receberam orientação adequada nas escolas sobre como empregar a tecnologia de forma crítica e responsável.
Uso da IA cresce entre estudantes brasileiros
A pesquisa faz parte da 15ª edição da TIC Educação, conduzida pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil. Os dados mostram que 37% dos estudantes do ensino fundamental e médio usam IA generativa para buscar informações, sendo que entre os do ensino médio o índice salta para 70%.
Segundo Daniela Costa, coordenadora do estudo, a adoção dessas ferramentas representa novas práticas de aprendizagem, mas também impõe desafios. “Esses recursos exigem que os alunos saibam lidar com a linguagem, avaliar fontes e compreender a informação de forma crítica, em vez de aceitarem respostas prontas como verdades absolutas”, destacou.
Falta de orientação e desafios para as escolas
Apesar do uso disseminado, a maioria dos estudantes não recebe preparo para utilizar a tecnologia de forma adequada. Apenas um terço das escolas orientou os alunos sobre integridade da informação, autoria e estratégias de aprendizagem relacionadas à IA.
O tema já entrou na pauta de reuniões entre gestores, professores e pais. De acordo com a pesquisa, 40% das instituições discutiram regras específicas para o uso de inteligência artificial em atividades escolares, além das tradicionais restrições ao uso de celulares.
Impactos da conectividade e das desigualdades
Outro ponto revelado pela pesquisa é a desigualdade de acesso à internet e a dispositivos digitais. Embora 96% das escolas brasileiras tenham conexão, nem todas conseguem oferecer infraestrutura adequada aos estudantes. Nas escolas municipais, por exemplo, apenas 47% disponibilizam computadores conectados para uso dos alunos.
No meio rural, os avanços também são desiguais: em 2020, apenas 52% das escolas tinham internet; em 2024, o número subiu para 89%. Ainda assim, a presença de computadores caiu de 46% para 33% no mesmo período.
Formação docente em queda
O estudo também aponta para a diminuição na capacitação dos professores em tecnologias digitais. Em 2021, 65% dos docentes afirmaram ter feito cursos sobre o tema; em 2024, o índice caiu para 54%. Entre professores da rede pública municipal, a queda foi ainda mais acentuada, passando de 62% para 43%.
Para Daniela Costa, a formação docente é fundamental para orientar os estudantes no uso seguro e crítico da IA. “É necessário apoiar os professores para que eles possam guiar os alunos não apenas no uso técnico das ferramentas, mas também no desenvolvimento de competências de análise, autoria e criatividade”, afirmou.
Fonte: Portal CNN